Nota: Por vontade própria este texto foi escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1945
Reformas não só de ensino como a nível de património adquirido e construído.
Nota Durante dois séculos e meio (1290-1537) a Universidade, funcionou entre Lisboa e Coimbra. Tendo começado em Lisboa no ano de 1290, em 1308 já estava em Coimbra; voltou; à capital em 1338 e regressou à cidade do Mondego em 1354; de novo em Lisboa em 1377 e finalmente regressa e definitivamente a Coimbra em 1537.
CRONOLOGIA BREVE
SELO DA UC -Em 4 de Novembro de 1555 aparece uma referência completa ao selo da Universidade: «Selo que é de prata e tem a figura da Sabedoria com uma esfera na mão, e umas letras ao redor que dizem ‘Per me reges regnant el legum conditores decernunt». Era Chanceler o Dr. Manuel da Costa, Lente de Prima.
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PORTA FÉRREA
(Obra nobre maneirista 1634)
CAPELA de SÃO MIGUEL
Capela-mor com as paredes laterais revestidas a azulejo no ano de 1613.
A pintura do teto está datada dos fins do século XVII e é de Francisco F. de Araújo.
As origens da Real Capela de São Miguel remontam ao séc. XI, após a conquista da cidade aos Mouros, em 1064. A sua configuração atual data do séc. XVI, do reinado de D. Manuel. A decoração, nomeadamente a azulejaria, foi aplicada ao longo do século XVII. No interior destaca-se igualmente o majestoso órgão ibérico, com cerca de dois mil tubos, instalado entre 1733 e 1737.
Hoje em dia continua a ser utilizado nas cerimónias religiosas e concertos.
Real Capela de São Miguel - Altar Mor
BIBLIOTECA JOANINA
Biblioteca da Universidade mas também de Coimbra e de Portugal
A mais bela Biblioteca
Universitária do Mundo
SALA GRANDE DOS ACTOS
Foi antiga Sala do Trono entre 1143 e 1383 e Palácio Real da 1ª dinastia.
Aqui decorreram episódios importantes da História de Portugal como a aclamação do rei D. João I em 1385 nas Cortes de Coimbra.
Com a instalação da Universidade no Paço, este espaço tornou-se a principal sala da Universidade de Coimbra, pois é aqui que se realizam as cerimónias mais importantes da vida académica.
A configuração atual resulta da renovação que foi realizada em meados do século XVII. As paredes foram revestidas com lambris de azulejos “tipo tapete”, fabricados em Lisboa. O tecto, com 172 painéis de madeira apresentam motivos representando monstros marinhos, índios, sereias...
O candidato ao doutoramento deve apresentar-se devidamente trajado com o hábito talar (calça preta ou saia, para as senhoras, batina, camisa branca, capa preta comprida e sapatos pretos) perante o júri, que também enverga vestes talares.
Após a prova, o novo Doutor dirige-se de novo à Sala dos Capelos para solicitar ao Reitor as insígnias doutorais: a Borla (pequeno chapéu que simboliza a inteligência) e o Capelo (pequena capa curta de seda e veludo que simboliza a ciência), ambos da cor correspondente à Faculdade que concedeu o grau académico.
Toda a cerimónia é acompanhada pela Charamela.
È também na Sala dos Capelos que decorrem as cerimónias de doutoramentos " honoris causa ".
INSÍGNIAS
BORLA.-. Simboliza a inteligência. … barrete de graduação universitária de estrutura cilíndrica
CAPELO.-. Simboliza a ciência … pequena capa/colete curto de murça em seda e veludo
ANEL - Material: Ouro e Pedra Preciosa. … Antigamente até tinham a função de sinete
Todos e cada um na cor correspondente à Faculdade que outorga o grau académico.
Doutoramento Honoris Causa de António Guterres Calcar para ver
Na Universidade de Coimbra, a importância da música vem da Idade Média
Charamela é o conjunto de trombetas, instrumentos de sopro inicialmente de madeira e depois metal, acompanha os préstitos e toca na Sala Grande dos Atos, nas cerimónias da Abertura Solene das Aulas, na imposição de Insígnias e nos Doutoramentos Honoris Causa.
Formação musical de origem medieval, com número variável de charameleiros, que na sua origem usava charamelas, trombetas e atabales, reconfigurada na época barroca (traje e trombetas) e na época liberal (libré militar, hinos). Tem como missão anunciar as cerimónias universitárias em espaço público e privado, garantir a sua execução segundo as minutas de protocolo elaboradas pela Reitoria da UC e anunciar a presença do Magnifico Reitor ou de altos dignitários.
Até 1910 actuava a pé, a cavalo e em viaturas de aparato nas receções aos chefes de estado, aberturas solenes, colações dos graus de licenciado, mestre e doutor, investidura dos reitores, deslocações da UC aos novenários e procissão da Rainha Santa Isabel e em todos os eventos de gala participados pela UC.
Na colação dos graus, tocava ainda de véspera às portas dos candidatos, padrinhos e reitor, e acompanhava os candidatos aos recintos onde tinham lugar as cerimónias.
INDUMENTÁRIA:
Durante a Idade Média e a Renascença, o traje de gala dos charameleiros ibéricos foi a cota ou opa agaloada. No século XVIII, em pleno cerimonial barroco, o traje de charameleiro foi reformado, com introdução das librés agaloadas à francesa (casaca e tricórnio). No século XIX, o traje de gala sofreu influências do protocolo napoleónico e militar.
Desde a década de 1890 que o traje é constituído por sapatos pretos; calça comprida em lã azul ferrete; casaca em lã zul ferrete, de corte direito, com punhos e colarinhos agaloados de ouro, avivada nas cores de estado; colete do mesmo tecido e cor; camisa branca; laço de seda branca; luvas. Em todas as fotografias conhecidas desde finais do século XIX, os charameleiros figuram com cabeça descoberta, embora fosse próprio desta libré o napoleão de feltro preto ou o képi. O traje do maestro, quando não académico, tem sido a casaca de grande orquestra, e quando académico, o hábito talar.
Na actualidade apenas as universidades de Coimbra e de Salamanca continuam a utilizar tocadores de charamelas e de trombetas nas grandes solenidades.
SALA DAS ARMAS
GRA = Guarda Real Académica
Sala dos Infantes
Actualmente espaço de guarda das armas dos archeiros (guardas académicos) que garantiam a segurança do Reitor, Professores, Estudantes e Funcionários.
Contígua a esta divisão fica a SALA AMARELA, paredes amarelas para honrar a Faculdade de Medicina.
Corpo dos archeiros com grande uniforme napoleónico e alabarda.
O uniforme, reformado logo após a implantação da República em Portugal, evidencia sinais de erosão: acentuado encurtamento das abas da casaca, cuja bainha subiu da linha do joelho para a meia perna formando uma espécie de minissaia; o desaparecimento das meias brancas de seda, agora em preto ordinário e o desaparecimento do bicórneo.
ARCHEIROS
ALABARDAS
As alabardas, espécie de lança de longa haste terminada em ferro largo e ponteagudo atravessado por uma lâmina geralmente em forma de meia lua ou machado, usam-se erguidas, à exceção do que acontece durante os cortejos fúnebres em que seguem derreadas. O uniforme é complementado por um chapéu bicórneo de feltro preto.
TORRE da UNIVERSIDADE
Torre da Universidade - Ex-libris da Universidade e da cidade de Coimbra
Elemento arquitectónico alto, elegante e garboso (dixit Simões de Castro)
A torre actual dividida em 4 corpos substituiu uma outra torre sineira do séc. XVI, atribuída a João de Ruão e demolida no século XVIII.
Espaços divisórios da torre:
1º Corpo Entrada; 2º corpo Escadaria (3+2 janelas); 3º Corpo Sinos; 4º Corpo Relógios. No topo pátio gradeado / miradouro.
Torre da Universidade, torre setecentista (1728-33) com uma deslumbrante vista de 360 graus sobre Coimbra e arredores marca o ritmo da cidade com os seus 4 famosos sinos:
SINOS DA TORRE
a “cabra” de 1741, do lado Oeste voltado para o Mondego toca pelas 8h30 da manhã para as aulas e ao fim da tarde para os caloiros recolherem a casa.
Em Coimbra “a cabra” não é a fêmea do bode mas muito simplesmente um sino que anuncia o começo e o final das aulas
o “cabrão” 1824 virado a Norte, toca às 18h30
o “balão” de 1561 virado a Nascente é o maior de todos e toca nos actos solenes da Sala dos Capelos e em momentos especiais.
dos “quartos” tange quando morre algum Lente.
GERAIS
Um dos espaços mais importante da Faculdade de Direito,
Espaço junto à Torre:
Piso térreo - Bar
1º Piso - Salas de aula e sala de leitura dos alunos
2º Piso - Gabinete dos Professores, Sala de Informática
Topo - Auditório
Topo - Rés-do-Chão - Via Latina - Instituto Jurídico
Dos Gerais da Faculdade de Direito ao corredor de acesso à Via Latina, encontra-se um dos azulejos mais famosos e mais sacrificados da UC, a famosa “Raposa”, que os estudantes chutavam para afastar o chumbo (rapozos = chumbos), tornando-se esta uma das mais famosas lendas da universidade.
Atualmente a raposa está protegida por um vidro, dado a sua grande deterioração.
VIA LATINA
Foi construída no reinado de D. João V e a configuração actual remonta a 1773.Designa-se Via Latina à longa varanda, com uma elegante colunata neoclássica ao centro, do século XVIII, da fachada principal do antigo Paço Real e Via Latina porque aqui a língua oficial, à época, era o Latim.
Consta de uma escadaria central circular de dois tramos e duas escadas laterais, uma junto à Porta Férrea e a outra no lado oposto que sobe da base da Torre para os Gerais e que permitem o acesso ao Paço Reitoral, Sala dos Capelos e Gerais.
O nome, Via Latina, deriva da língua oficial do ensino na Universidade de Coimbra até à Reforma Pombalina de 1772 ser o Latim.
A escadaria central em semicírculo é actualmente um local que os estudantes e visitantes escolhem para fazerem fotos de recordação. Fotos com a Torre como fundo são outra panorâmica que ninguém perde na sua visita à Universidade.
Escadas de Minerva acesso ao Pátio da Universidade pelo lado poente.
À Esquerda o edifício Joanino da Biblioteca de 3 pisos:
Piso Nobre Biblioteca, Piso Intermédio e Piso da Prisão Académica
Escadas de Minerva
As Escadas de Minerva foram edificadas em 1725 sob direção de Gaspar Ferreira, em função da construção da Biblioteca Joanina.
São uma segunda entrada para o Pátio e Paço das Escolas.
Ao centro a estatueta de Minerva; do lado direito o edifício Joanino da Biblioteca com 3 pisos, ao fundo a Capela de Santo António e ao longe. no horizonte, o Convento de Santa Clara-a-Nova já na margem esquerda do Mondego.
SAPIENTIA EDEDICAUTE
Estatueta de Minerva
Escadas de Minerva e ala poente do edifício da Biblioteca Joanina,
Sala Intermédia e Prisão Académica.
ARCA-CARTÓRIO DA *UC*
Esta preciosa arca cuja construção foi ordenada D. João III, pela Carta Régia de 27 de Dezembro de1540 tinha por finalidade guardar os documentos universitários e entre outros a Bula de anexação de seis igrejas do Padroado Real ao Padroado da Universidade.
Acrescentava ainda que nessa arca deveriam ser guardados não só esse documento como todos os outros documentos régios que fossem enviados à Universidade, garantia de seus privilégios.
A Arca-Cartório tinha três fechaduras e só podia ser aberta com as três chaves.
:* uma na posse do Reitor da Universidade,
* outra na posse do lente de Prima de Cânones e
* a terceira na posse do bedel e escrivão do Conselho da Universidade.
O Couto Mixto (microestado independente até ao Tratado de Lisboa de 1864, do Norte de Portugal) também tinha uma arca deste mesmo tipo para guarda dos documentos importantes do Couto.
ESTATUTOS
1309 - Primeiros Estatutos com o nome "Charta magna privilegiorum"
1431- Segundos Estatutos D. João I
1503- Terceiros Estatutos D. Manuel I (No fundo foram os primeiros, conhecidos também por Estatutos Manuelinos.)
1544 - Quartos Estatutos de D. João III, enviados pelo Rei a Frei Diogo de Murça, perderam-se nunca entraram em vigor.
1559 - Quintos Estatutos D. Sebastião
1591 - Sextos Estatutos Domínio Filipino
1772 - Estatutos Pombalinos criam as Faculdades de Matemática e de Filosofia Natural (Ciências) e reformam os estudos da Medicina.
1911 - Reforma da Universidade e criação das Universidades de Lisboa e Porto
1989 - Estatutos actualmente em vigor
2008 - Publicação dos novos Estatutos da Universidade de Coimbra,
2019 - (Despacho Normativo nº 8/2019) Última alteração dos Estatutos e no Anexo II Republicação dos Estatutos da Universidade de Coimbra (Diário da República, 2ª série - Nº 55 - 19 de Março de 2019)